Curar as nossas feridas é essencial para nos conectarmos com Deus

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Muitas pessoas desejam profundamente sentir a presença de Deus, mas, apesar de orações e rituais, sentem apenas um vazio interior. Essa sensação não é sinal de ausência divina, mas sim um reflexo de um bloqueio interno: nossas próprias feridas emocionais. A espiritualidade não acontece fora de nós, ela nasce no interior e, por isso, quanto mais feridos estivermos, mais difícil será perceber a presença amorosa de Deus.

Desde cedo, somos marcados por experiências que moldam nossa visão de nós mesmos, do mundo e do divino. A criança que fomos guarda memórias emocionais, muitas vezes de rejeição, abandono, crítica ou culpa, que permanecem ativas mesmo na vida adulta. Quando tentamos nos aproximar de Deus sem antes nos aproximar de nós mesmos, acabamos caindo em práticas vazias, mecânicas e, muitas vezes, frustrantes.

Curar as nossas feridas não são apenas uma questão de saúde emocional, é uma jornada profundamente espiritual. É preciso resgatar a criança interior, olhar para suas dores com compaixão e aprender a se amar, só assim conseguimos verdadeiramente acolher o amor de Deus. A conexão com o divino se torna possível quando acolhemos nossa humanidade.

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A dor emocional pode nos impedir de sentir o amor de Deus.

Quando a dor nos afasta de Deus

A infância é a base da nossa vida emocional e espiritual. É nesse período que aprendemos o que é amor, pertencimento, aceitação, ou, infelizmente, o oposto disso. Quando uma criança é repetidamente criticada, ignorada ou mal compreendida, ela começa a acreditar que há algo de errado com ela. E essa crença afeta até mesmo a forma como ela entende Deus.

Muitas das mensagens religiosas que ouvimos na infância mesmo que com boas intenções, podem reforçar uma visão distorcida do amor divino. Frases como “Deus castiga”, “Você envergonha Jesus quando erra”, ou “Deus não ama criança desobediente” criam, no coração infantil, a sensação de que o amor de Deus é condicional, que Ele é um juiz severo e inacessível.

Quando carregamos essas crenças para a vida adulta, nossa espiritualidade se transforma em medo, culpa e cobrança. Oramos, mas sentimos culpa. Procuramos Deus, mas temos medo d’Ele. Buscamos a fé, mas não nos sentimos dignos de vivê-la plenamente. É aí que a dor emocional vira um muro entre nós e Deus.

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Quando vivemos presos à dor do passado, não conseguimos crescer emocionalmente.

A cura emocional como caminho para a espiritualidade.

A cura das nossas feridas emocionais não é um fim em si mesma, mas um meio para reencontrarmos a nossa essência e, com ela, nossa capacidade de amar e ser amados. E é neste reencontro que Deus se revela. Quando conseguimos acolher nossas emoções, olhar para nossas dores sem julgamento e cuidar da criança ferida dentro de nós, abrimos espaço para um tipo de espiritualidade mais autêntica e transformadora.

A verdadeira oração começa quando deixamos de buscar um Deus distante e passamos a escutar o que se passa dentro de nós. O silêncio, muitas vezes evitado, se torna um espaço sagrado onde nossas emoções ganham voz e onde Deus se manifesta, não como um juiz, mas como um Pai amoroso que nos acolhe exatamente como somos.

Nesse processo, descobrimos que amar a nós mesmos não é egoísmo — é a única forma de permitir que o amor de Deus nos alcance. A conexão com o divino acontece quando nos sentimos dignos de ser amados. E nos sentiremos assim à medida que cicatrizarmos nossas feridas, desatarmos os nós do passado e aprendermos a cuidar de nós com ternura.

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Crescemos emocional e espiritualmente quando nos conectamos com a criança que um dia fomos.

Conclusão

A jornada de cura interior é, também, uma jornada de reconexão com Deus. Quanto mais curamos nossas feridas, mais nos tornamos livres para viver a espiritualidade de forma profunda, verdadeira e libertadora. Deus não está distante — Ele habita o mais íntimo do nosso ser. Mas, para senti-Lo, precisamos primeiro remover os bloqueios emocionais que impedem essa experiência.

Curar-se é permitir-se ser encontrado por Deus. É perceber que a espiritualidade não exige perfeição, mas verdade. É compreender que nosso relacionamento com o divino é profundamente humano, feito de silêncio, acolhimento, escuta e amor.

Curar as suas feridas não é apenas um ato de autocuidado é abrir as portas para sentir o amor de Deus de forma viva e verdadeira. Dê o primeiro passo: olhe para dentro, acolha a sua dor, e permita que a luz da cura transforme sua espiritualidade.

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